Dos alimentos cotidianos que mais sinto saudade morando na Europa, sem dúvida o mamão e a cabotiá lideram a lista (seguidos de maxixe, couve e água de coco natural). No Brasil, onde em se plantando tudo dá, sobretudo no Nordeste, esses dois ingredientes sempre estiveram presentes à minha mesa, não raras vezes vindos direto do quintal. Aqui na França é raríssimo encontrar mamão importado e só na variedade papaia « sem formosura » – o mamão formosa grandão só em meus sonhos mais tropicais. Quanto à cabotiá (também chamada de abóbora-japonesa), ainda não tive esse prazer, o que me obriga a camuflar umas sementes na bagagem da próxima vez que eu for à terrinha.
A boa notícia é que a temporada de abóboras está aberta no hemisfério norte e quem não tem cabotiá pode « caçar » com toda outra sorte de cucurbitácea! Entre outubro e fevereiro as berinjelas, abobrinhas e tomates cedem espaço nos tabuleiros das feiras a variedades locais de citrouilles, courges e potirons. No fim de semana me deparei com essa fartura de cores e formatos e trouxe pra casa uma butternut/doubeurre para adaptar uma receita do site Panelinha de Rita Lobo. Lá ela usa uma abóbora de pescoço, rechonchuda embaixo e afunilada em cima, e a variedade francesa copia esse desenho. O pescoço da abóbora, carnudo e desprovido de sementes, é perfeito para obter as fatias finas e uniformes que dão toda a elegância a esse acompanhamento.

A versão de Rita vai com carne-seca na manteiga de garrafa, com peixe assado ou com espetinho de queijo coalho (sortuda!). A minha foi acompanhando um mignon de porco besuntado de mostarda e decorando uma sopinha de abóbora com maçã. A essência da receita se mantém e inclusive a brasilidade foi garantida graças aos mercadinhos asiáticos e africanos que têm insumos comuns à nossa mesa. Outros ingredientes foram substituídos por equivalentes mais facilmente encontráveis na minha região atual (França metropolitana, departamento Isère), possibilitando aos leitores francófonos reproduzir a receita.
Salada crua de abóbora
- 300 g de abóbora butternut (ou de abóbora de pescoço) em rodelas de 3 cm de espessura
- 1 chalota (ou 1/2 cebola roxa)
- 1 pimenta malagueta pequena (ou dedo-de-moça, mais suave)
- suco e raspas de 1/2 limão siciliano
- 5 ramos de coentro
- 3 colheres (sopa) de azeite de oliva
- 1 colher (sopa) de vinagre de vinho tinto
- 1 colher (chá) de açúcar demerara
- sal a gosto

Corte o « pescoço » da abóbora em 2 rodelas de aproximadamente 3 centímetros de espessura. Descasque-as e corte-as ao meio, obtendo meias-luas. Usando um ralador mandoline ou um descascador de legumes faça fitas longas da abóbora laminando a superfície cortada das meias-luas. Corte as chalotas em rodelas finas, seguindo seu formato natural. Caso use cebola roxa, corte em tiras e deixe-as de molho em água gelada por dez minutos para eliminar o ardor. Essa etapa não é necessária com as chalotas que já são mais suaves. Pique finamente o « mói » de coentro. Corte a malagueta no sentido do comprimento e elimine as sementes antes de picar a pimenta em cubos muito pequenos (corte tipo brunoise).
Em uma tigela misture a pimenta e o coentro picados, o azeite, o suco e as raspas de limão, o vinagre e sal a gosto. Acrescente as fitas de abóbora e as envolva delicadamente no tempero. Reserve em geladeira por ao menos 30 minutos para apurar o gosto.
Essa salada é perfeita para acompanhar um mignon de porco em crosta de mostarda e mel e seus quiabos grelhados.
coucou Lina
que de belles saveurs j’adore ce genre d’assiette parfumée et hautes en couleur
J’en profite pour t’annoncer que je suis la prochaine marraine de la bataille food si l’envie te dit d’y participer
bisous ❤
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Coucou Samar, moi aussi j’adore les couleurs vivantes et l’automne nous donne tout pour les mettre en relief, n’est-ce pas ? Félicitations pour ta nomination, je vais m’organiser pour essayer de participer à ton édition, la marraine. Gros bisous
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